Aleister Crowley: o mago infame do século XX

TARÔ

11/24/2024

Aleister Crowley é o criador do Tarô de Thoth, em conjunto com Lady Frieda Harris (veja aqui). Foi uma figura célebre no século XX, extremamente controvertida: fundou uma religião, era mago auto-proclamado, poeta, escritor, alpinista, crítico e se envolveu em polêmicas e escândalos ao longo de sua vida, estabelecendo sua fama de mago perverso do século XX.

Edward Alexander Crowley nasceu em 1875 na Inglaterra. Desde cedo se rebelou contra sua família rica e religiosa: aos 11 anos adotou o nome Aleister para não ter o mesmo nome que seu pai, Alexander, e consta que graças à sua rebeldia na infância, sua mãe lhe deu o apelido de “Besta do Apocalipse”. Crowley teria adotado o número 666 como seu número pessoal como rebelião contra a religião de sua família. Estudou em Cambridge e abandonou seu curso antes de concluir, decidindo-se por uma carreira de fama no ocultismo.

Aos 23 anos, ingressou na Ordem Hermética da Aurora Dourada (Golden Dawn), que reunia ensinamentos diversos, como Cabala, Rosacrucianismo e Yoga. Depois de se envolver em brigas internas, foi desligado da Ordem dois anos depois. Em 1904, em viagem de lua de mel com sua esposa ao Egito, Crowley alegou ter tido contato com o deus Hórus e com seu anjo guardião, o que o levou a escrever o Livro da Lei de Thelema, que seria ponto central de sua própria religião, a ordem Astrum Argentum (Estrela de Prata), fundada em 1907. Sua fama já crescia com relatos sobre sua vida de episódios como uma “batalha de magia” com o fundador da Golden Dawn, Mathers, que teria vencido. Crowley ainda integrou mais uma ordem, Ordo Templi Orientis, onde acabou estabelecendo sua Lei de Thelema.

Em 1920 fundou sua Abadia de Thelema na Sicília, Itália. Seguiu-se um período em que, já divorciado, se envolveu com álcool, drogas e práticas sexuais. Ali morreu um de seus seguidores, Raoul Loveday, de uma infecção causada pela água contaminada do local. A esposa de Loveday, de volta à Inglaterra, falou à imprensa sobre as práticas da Abadia e gerou uma onda de reportagens dos tabloides britânicos sobre Crowley, de escândalos e práticas de “magia negra”. Isso, por sua vez, levou o ditador italiano Benito Mussolini a ordenar em 1923 a expulsão de Crowley do país e o fechamento da abadia, que teria sido depois exorcizada. Sua fama estava irremediavelmente estabelecida.

Em 1929, foi a vez das autoridades francesas o obrigarem a deixar o país. Na época, ele vivia em Paris, circulando entre círculos de artistas e intelectuais e, ainda que a França fosse razoavelmente liberal quanto a figuras boêmias e controversas, Crowley se tornara conhecido por seus escândalos, causando a preocupação de que suas atividades prejudicassem a imagem e a reputação do país.

Foi somente na década de 40 que Crowley, em conjunto com Lady Frieda Harris, criou e publicou seu baralho de Tarot, o Livro de Thoth, um trabalho de aproximadamente cinco anos. Morreu em 1947, aos 72 anos, na Inglaterra.

Crowley conheceu variadas figuras de destaque de seu tempo e viveu e viajou por inúmeros países, como Itália, França, Alemanha, Tunísia, Egito e mais, publicando seus livros sobre magia e consolidando sua fama de mago ocultista. Ele é considerado o mais importante representante ocidental do Ocultismo no século XX e sua obra influenciou várias tradições mágicas modernas, como a Wicca, baseada na obra de Gerald B. Gardner, e até a Cientologia de L. Ron Hubbard, ambos ex-membros da Ordem Templi Orientis ao mesmo tempo que Crowley. Foi mencionado como influência de bandas como Black Sabbath, Beatles, Led Zeppelin, Rolling Stones, foi tema de documentários e livros. No Brasil, foi citado por artistas como Raul Seixas, Rita Lee e Renato Russo.

E esta é uma versão bastante condensada das atividades de Alesteir Crowley que foi, sem dúvida, o mais infame mago do século XX.